Botucatu recebeu no
último final de semana a edição 2015 da Virada Cultural Paulista. Foi oferecido
um bom cardápio, com diversas atrações de diferentes segmentos, como peças de
teatro, apresentações musicais de gêneros variados, bem como um compilado de
expressões culturais e culinárias da região (e fora dela).
Do ponto de vista do
acesso à cultura, ao entretenimento e ao lazer foi um sucesso por si. Mas existe
um benefício ainda maior, que via de regra é deixado de lado nas avaliações
sobre o evento: a ocupação dos espaços e equipamentos públicos da cidade e suas
consequências no que tange a convivência social.
Recentemente, o colega
de jornalismo e docência João Guilherme D’Arcadia escreveu um excelente artigo para a Revista do
Comércio de Jaú, no qual refletia sobre a necessidade de as crianças e
adolescentes ocuparem as ruas e espaços públicos da cidade para brincarem e se
divertirem. O jornalista fez referência ao fato de que as casas têm se tornado,
sobretudo por razões de segurança e outras características da urbanização, um refúgio
comum às crianças e adolescentes, minando a convivência coletiva.
O mesmo raciocínio
apresenta-se na vida adulta.
Cada vez mais as
pessoas têm feito a opção pelo enclausuramento residencial, afastando-se do
outro ou do mesmo, do diferente ou do igual, do inusitado ou do clichê, do
confrontador ou do consonante. Enfim, a era moderna da urbanização tem afastado
o indivíduo da própria sociedade e de sua diversidade.
E nesse sentido, a Vira
Cultural tem proporcionado uma experiência há muito esquecida – a ocupação dos
espaços públicos, mesmo durante a noite, mesmo com tanta diferença.
É interessante perceber
o quanto o oferecimento de Cultura pode gerar de benefício no que diz respeito à
convivência social, em apenas 24 horas de atrações.
Ruas cheias de
diferenças. Espaços sociais ocupados. Cultura acessível.
Enfim, talvez essa
perspectiva tenha de se tornar muito mais que uma ação da Administração Pública
Estadual, mas uma Política Pública do âmbito Municipal.